segunda-feira, junho 20, 2016




NO VARAL

O homem que pendura sua alma,
roupa a roupa vai pendurando sua história,
suas dores em travessias.
No varal, enfileirando mantos,
redescobre a vida que pulsa em seu quintal.
Em seu quintal,
ele é o homem da casa, é a casa de muitos.
Em seu varal,
o homem se redescobre vivo;
roupa a roupa
o homem vai sacralizando
o ato de se pendurar no tempo.
Na arte de secar as roupas,
a arte de entregar a vida.

[ Damião Fernandes. NO VARAL, in. Junho de 2016 ]

quinta-feira, maio 28, 2015




C A M I N H O 
BY D A M I Ã O  F E R N A N D E S

 



Em cada degrau que subi
Encontrei a subida

    A cada passo que dei,
     Encontrei o caminho

Um caminho sempre estreito, mesmo tendo sido já trilhado
Um caminho sempre novo, mesmo já sido visitado

È o caminho da Vida,
Que não nascendo pronto, a cada subida e descida ele é revelado.
                       


TEMPO TRANSCORRIDO
 by Damião Fernandes


O que meus olhos vêem?
Se não aquilo que não é essencial
O que os meus olhos têm? Se não aquilo que é temporal

Eu, humano. Preciso do tempo para compreender a vista
Eu, humano. Necessito dos olhos para enxergar a vida

                                  Deus, divino. Dispõe da eternidade para contemplar os fatos
                                 Deus, humano. Tem coração para amar a intimidade das coisas.

Eu existo no tempo, Deus é eternidade...
Eu, trago em mim vestígios de saudade
Deus, que é tudo, em tudo tem ausência de mentira
Eu sou tempo em todo instante...


PRECISAMOS DAS UTOPIAS

BY DAMIÃO FERNANDES




(...) O mundo sofre de excesso de realidade. Como luz muito intensa, a realidade clareia até à cegueira. Quem vive de muita realidade, acaba por instantes a ficar cego, pois lhe falta a beleza dos olhos que somente vem pela insistência do sonho, da poesia e da utopia. É verdade ou não é que pessoas sonhadoras e utópicas – não no sentido negativo do termo - possuem um olhar muito mais brilhoso e cativante? Por outro lado, as pessoas realistas em demasiado, expressam no olhar uma desilusão tal qual um olhar “de peixe morto”.  Realidade em excesso pode matar, enquanto que uma vida cheia de sonhos e de boas utopias nos garantem no mínimo um olhar alegre e saltitante e no máximo, uma esperança constante durante todo o trajeto da vida percorrido.
Precisamos urgentemente, ser novos produtores de utopias. O mundo carece de beleza moral e delicadeza humana, pois este homo sapiens está perdido em um interminável labirinto cretense, no qual sempre existe aquele perigo de ser engolido por um minotauro carnívoro e cruel. Na tumultuada sociedade atual, o medo da morte violenta continua sendo tal qual um bicho de 'sete cabeças' que este homem, mostra-se frouxo ou incompetente para enfrentá-lo.
Precisamos urgentemente, de novos produtores de esperanças que encham a vida das pessoas de sensibilidade com o outro que é distinto, mas que não é ilha. As atuais nuvens de um egoindividuocentrismo produziram uma nova safra de Homo: 'O Homo umbigolistasis', para quem a única referência da vida e do cosmos é o seu próprio umbigo. Precisamos de pessoas que a despeito de toda e qualquer realidade dura e sofrida, corrompida e imoral, possam como lanternas vivas, indicar o caminho do bem atrás de sí. Parece utópico? em dias atuais, é bem disso que precisamos: Novas esperanças que nos salve.